Há destaques especiais para duas classes de esportistas: os melhores e os maiores. São duas avenidas que podem ou não se cruzar. Ambas terminam em lugares parecidos: a glória.

Na minha opinião, Michael Jordan foi o melhor esportista do mundo, o que é discutível. O que é certo é que tenha sido o maior jogador de basquete do planeta até hoje. Seu caminho definitivamente segue até a glória eterna com um dos melhores.

Com 6 títulos da NBA, o que leva Jordan a não ganhar seu trunfo como maior para alguns é sua isenção. “Republicanos também compram tênis.” Foi a frase de Mike quando questionaram se não apoiaria o democrata Harvey Gantt, que poderia ser eleito o primeiro senador negro na história do estado

Três décadas antes, Muhamad Ali conquistava sua medalha de ouro nos Jogos de Roma, em 1960. Com 18 anos, a velocidade de Ali impressionava. 

Sua postura nas cordas era a de uma pluma. Flutuava como uma borboleta, picava como uma abelha. E como uma, decidiu trocar tudo por uma batalha. Na verdade, para não ir a ela. Em 1967, Ali perdeu seu título e 3 anos e meio do auge da carreira como punição por se recusar a lutar no Vietnã.

Mudou de Cassius Klay para Muhamad Ali, ao converter-se ao islã. Seu nome, porém, já estaria gravado para sempre entre os maiores.

Neymar é possivelmente o melhor jogador dessa geração do futebol brasileiro. Mas em um país de Pelé, Garrincha, Ronaldo e 5 títulos mundiais, a tarefa de ser considerado como o melhor é ingrata. 

Em uma nação com Sócrates, Casagrande e Reinaldo, ainda há espaço porém para estar entre os maiores. Mas para isso não há treino. Não se treina caráter.

A uma semana do primeiro turno das eleições presidenciais brasileiras, Neymar caiu pela direita. Pela extrema direita. Já agora, no segundo turno, foi além: decidiu ceder sua popularidade no Instagram para pedir votos. 

Negro, decidiu apoiar o candidato que disse que seus filhos jamais namorariam negras pois receberam educação.

Atleta, escolheu por quem desmontou o Ministério do Esporte. Cortou bolsas de atletas olímpicos e infraestrutura na pasta, mesmo tendo sido campeão na Rio 2016.

Como atacante, optou por quem lhe deu mais assistência. O presidente que perdoou os milhões sonegados por ele e seu pai. Sim, Neymar é junior. 

Em 2018, teve um desempenho pífio na Copa do Mundo. Em todas as vezes que precisou decidir, se escondeu.

Agora, em 2022, quando teve a oportunidade de se esconder, resolveu se posicionar.

Se o caminho de Neymar dará na glória, não se sabe. Mas não precisava passar pela vergonha.

Neymar é um grande jogador. Um minúsculo grande jogador.